O Grande Hotel Budapeste (2014)

Olá, meus caros.

Há tempos possuo o anseio de analisar essa verdadeira obra-prima do mestre Wes Anderson. Apesar de ser um diretor relativamente desconhecido, Wes possui um estilo sublime que mescla humor, visual e narrativa de uma maneira nunca antes explorada. Graças a ele já fomos agraciados com excepcionais filmes como "Rushmore (1998)", "Os Excêntricos Tenenbaums (2001)" e "O Fantástico Senhor Raposo (2009)".

Mas em minha opinião "O Grande Hotel Budapeste" é sem dúvida seu melhor trabalho. O esmero nos detalhes é simplesmente feérico. As atuações, o figurino, a fotografia... Tudo beira a perfeição.

Cachimbo!
O estilo narrativo é indescritivelmente um dos melhores já criados pela mente humana. Tudo flui de maneira enérgica e consistente, sem que haja perda na dinâmica por um segundo sequer. 

A estória é inspirada nas obras do escritor austríaco Stefan Zweig, que durante as décadas de 20 e 30, fora um dos mais populares escritores de todo o mundo. Por ironia, ele veio a falecer em terras brasileiras, mais precisamente na cidade de Petrópolis.

Em linhas bem diretas, o filme se inicia quando um famoso escritor (Jude Law) começa a narrar os acontecimentos da época em que estava com um bloqueio criativo. Através desse inoportuno evento ele decide se refugiar durante uma temporada em um hotel no interior de seu país, a República de Zubrowka. O hotel em questão, O Grande Budapeste, já fora um dos hotéis mais importantes de toda a Europa. Em sua proveitosa e relaxante estadia, ele acaba por conhecer o dono do hotel, Zero Moustafa (F. Murray Abraham) que acaba lhe contando como ele conseguiu se tornar o dono do Budapeste. A história contada por Zero se tornaria inspiração para a maior obra do escritor.

O elenco do filme é simplesmente idílico. Além dos dois astros já mencionados, vislumbramos belíssimas atuações de Bill Murray (Colaborador de Wes), Willem DaFoe, Adrien Brody, Ralph Fiennes, Tilda Swinton, Harvey Keitel, Jeff Goldblum, Tom Wilkinson, Owen Wilson e Edward Norton, além de sermos apresentados a Tony Revolori, em seu primeiro grande filme.

Ralph Fiennes (Centro), Tony Revolori (Direita) e Sei Lá (Esquerda)
Duende-Verde e aquele Pianista que ganhou Oscar. 
Harvey "Fucking A" Keitel
Acredite se quiser, mas apesar da quantidade de atores e do curto espaço de tempo que cada um aparece em cena, todos os personagens foram excepcionalmente bem elaborados. Os atores e atrizes incorporaram a atmosfera do filme e dão vida, na essência da palavra, aos seus respectivos personagens. 

Por se tratar de uma comédia podemos supostamente imaginar que o filme não dispensa certo tempo com temas mais sérios. Todavia, uma das histórias paralelas é o desenvolver do início de uma guerra. Wes Anderson, nos transmiti de maneira bem-humorada os enclaves das relações de poder em períodos de crise seja no âmbito familiar ou na sociedade a beira de um dito colapso.

A fotografia é, em suma, fantástica! O estilo visual favorece o desenvolvimento de diversos aspectos de intrínseca relevância para a trama, como por exemplo, a perspectiva lúdica-sombria de certos momentos. É claro que o talento do elenco também ajuda consideravelmente nesse critério.

Semelhança? Só que não!
Lá no fundo, no fundo mesmo, dá para ver o Wally.
A trilha sonora foi meticulosamente composta pelo francês Alexandre Desplat. Cada nota se enquadra perfeitamente no decorrer do filme. Apesar de estar faltando um pouco de zither, na minha opinião. (Alguém lembrou de "The Third Man"?)

A sensibilidade é um termo chave para descrever "O Grande Hotel Budapeste". É quase impossível de acreditar que atualmente possamos presenciar a criação de uma obra nesses moldes, que zela pelo apreço nos detalhes dos personagens e que saiba desenvolver um excelente roteiro. É uma verdadeira pena que não exista mais cineastas com a visão de Wes Anderson. 

Concluo ressaltando o magnífico brilho que este filme nos traz. Um clássico instantâneo, que nos faz rir do começo ao fim. Realmente um filme que merece ser apreciado.

NOTA: 9.5

Dedico esta análise a moça que me faz sorrir e acreditar na beleza do mundo a cada novo dia. Marina, eu te amo. Que ainda possamos assistir muitos filmes juntos!

Abismo do Medo (2005)

Olá, meus caros.

Fiquei extremamente surpreso ao assistir este filme! A princípio imaginei que seria apenas outro thriller mais ou menos. Qual não foi minha surpresa em descobrir que ele era muito, muito além de minhas expectativas. Este é sem dúvidas um dos melhores filmes de terror dos últimos 20 anos.

O enredo é consideravelmente diferente para um filme de terror. Um grupo de 6 amigas, amantes de esportes radicais, perde-se em uma caverna ainda não explorada. A caverna em questão esconde um grande segredo...

A estória realmente te prende do começo ao fim da narrativa. A julgar a duração do filme, os personagens são indescritivelmente bem desenvolvidos. A fotografia é maravilhosa, tendo como objeto central a espeleologia (Estudo e exploração das cavernas). O sentimento claustrofóbico é recorrente no filme inteiro, além de demonstrações frias de como o ser humano reagiria em situações de desespero. O caráter instintivo, inerente a qualquer animal, é soberbamente explorado na trama. Um ponto bastante importante, que abusa da originalidade e que consegue criar uma dimensão única na cadência das cenas. Muitas cenas são inesperadas, acreditem, sustos são garantidos .

Expressei um sonoro "P*** que P****" apenas em três cenas de três diferentes filmes. E um desses filmes foi "Abismo do Medo".

As atuações são maravilhosas, em especial da personagem principal. A única coisa que poderia ter sido mais elaborada é a trilha sonora. Ela é bastante genérica e não consegue impactar em um nível visceral. Atende bem nos momentos de ação, mas em certas partes senti falta de um refrão. Gostaria tanto de ficar com uma musiquinha macabra na mente depois que terminasse o filme...

Este filme é digno de uma trilha marcante, que realmente grudasse na mente. Uma música bem composta, com um refrão memorável, tem o potencial de elevar e muito qualquer filme que seja. Basta lembrar de Halloween (1978) ou Star Wars (1977). E Abismo do Medo merecia uma atenção maior nesse departamento. 

Já faz praticamente dez anos que "Abismo do Medo" foi lançado e me sinto triste por mais pessoas não conhecerem essa belíssima obra. Não obstante, em 2009 fomos agraciados com a sequência, que por sua vez, não é tão radiante quanto o original, mas sustenta-se de maneira ímpar.

Recomendo que vocês assistam este filme sem sequer ler qualquer análise mais profunda e até mesmo sem assistir o trailer. Acreditem, a surpresa será das boas!

NOTA: 8