Olá, meru caros.
Invocação do Mal, no original "A Invocação" (The Conjuring), foi dirigido pelo mestre malaio James Wan.
Em 2004, Wan, junto com seu amigo Leigh Whannell, realizaram o primeiro filme da saga Jogos Mortais. A ideia foi de ambos, contudo, Wan ficou com a direção e Leigh com o roteiro. Nos anos subsequentes, Wan dirigiu alguns filmes de qualidade razoável, dentre eles: "Silêncio Mortal", "Sentença de Morte" e "Sobrenatural". Todavia, foi somente em 2013 que Wan de fato conseguiu novamente impactar o mundo do cinema. "Invocação do Mal" é um filme verdadeiramente excepcional.
A história discerne a respeito dos misteriosos casos de aparições demoníacas. Aqui pode haver algumas complicações na compreensão da história... "Invocação do Mal" é um relato semi-fictício de um caso de possessão demoníaca. Os fatos seguintes são verdadeiros.
O filme se passa no ano de 1971. A família Perron havia comprado uma mansão por um preço bastante acessível. Tal mansão estava localizada à beira de um lago no interior de Rhode Island. Os Perron consistiam em 7 membros. Roger, o pai (Interpretado por Ron Livingston), sua esposa Carolyn (Interpretada por Lili Taylor, sem dúvidas a melhor atuação do filme) e suas 5 filhas. Não lembro o nome delas, portanto, irei inventa-los agora: Firefoxi, Grundinha, Chicletes, Pizza III e Retardox (Eu confesso, realmente não lembro o nome delas... kkk)
Uma suposta entidade maligna vivia na mansão. A família Perron, cética no começo, não estava mais suportando as incautas manifestações do demônio, que por sua vez, tocava o puteiro sempre que possível.
Com isso, Carolyn resolve buscar ajuda profissional para dar um sossega-leão no tio Lúcifer (Pode chamar de Lucy se você for íntimo). Os Caça-Fantasmas foram chamados (Opa, esquece... Filme errado...). Na realidade, os Fucking Fudidões Ed & Lorraine Warren foram contactados para resolver o problema.
Bom, Ed Warren e sua esposa Lorraine foram realmente os maiores demonólogos do mundo. Ed faleceu em 2006, mas Lorraine continua viva. Eles possuem um mini-museu nos fundos de sua casa em Monroe, Massachusetts. O museu apresenta peças de casos que o casal solucionou no decorrer de sua vida: armadura samurai, estátuas, brinquedos, artefatos antigos. E dentre eles, a infame boneca Annabelle.
Sim, Annabelle realmente existe na vida real! Ela é um "troféu" de um dos casos solucionados pela casal Warren.
((Entendam isso, meus caros, Annabelle não passa de um objeto neste filme. Uma simples boneca. Tudo bem que é uma boneca do Tio Belial, mas ainda assim é uma boneca. Ela até aparece em uma cena com um pouco mais de destaque, mas não é um personagem de maneira alguma.))
É inclusive recomendado que os visitantes do museu não toquem em nada, pois, existe um risco de transferência das maldições dos objetos para as pessoas. Um padre abençoa os artigos do museu uma vez por mês (É verdade, eu juro!).
Continuando...
Ed era um experiente demonólogo, aliás, ele é o único demonólogo não-ordenado padre reconhecido pela Igreja Católica. Lorraine é uma clarividente que consegue ver um punhado de coisas super-marotas espalhadas pelos mais diversos recantos da Via Láctea: Demônios, elfos, demônios, garotinhas possuídas, demônios, aliens, Ipods possuídos e, é claro, Ron McDonald (Aquele motherfucker, mensageiro das legiões infernais).
Patrick Wilson, um ator que vem ganhando espaço a algum tempo, dá vida a Ed Warren. Frio e conciso, garantiu uma performance excelente. Vera Farmiga interpreta Lorraine, igualmente uma bela atuação. Os dois demonstraram uma ótima sincronia no filme, quase todas as cenas ambos estão juntos. Fica claro a devoção um pelo outro, um aspecto romântico esmiuçado na medida certa.
Bom, meus caros, é basicamente isso. Uma família atormentada por demônios que busca ajuda de dois auto-intitulados especialistas para resolver esse furdunço maléfico.
Se você acredita em tais assuntos ou apenas acha que esse tipo de situação é uma invenção de pessoas que não tem o que fazer, fica a seu critério decidir. Ed & Lorraine receberam críticas por toda sua vida de psicólogos que os consideravam apenas dois charlatães que sabiam escrever bem (Eles são autores de diversos livros sobre o assunto). Mas por que será que muitas de suas intervenções supostamente deram resultados? Será que é só uma invenção ou realmente as forças das trevas imperam em nosso meio?
Deixando as estipulações de lado por um momento, irei me ater mais ao conteúdo do filme daqui para frente. Independente de crenças pessoais, não podemos tirar o mérito de ser um ótimo filme. Muito bem filmado, "Invocação do Mal" nos transmite de maneira enérgica e macabra a sensação de horror e angústia inerentes à situações desse tipo. O filme mantém uma cadência surpreendente do começo ao fim, te prendendo a narrativa de uma maneira que nos faz lembrar os antigos grandes clássicos de terror.
O filme possui apenas referências aos eternos filmes de horror, em especial "O Exorcista", "Evil Dead" e "Horror em Amityville". Homenagens simples e sinceras destes filmes que tanto marcaram nossa concepção de cinema macabro, que por sua vez, é o gênero favorito de muita gente. Doravante, "Invocação..." possui seu tom de originalidade, e nos presenteia com momentos (E muitos sustos!) ainda não explorados.
Um filme muito bem trabalhado, contando com 1h50 de duração, todos os personagens foram lapidados, e na medida do possível demonstram ótimas atuações. Tiro meu gorro-do-Kiko (Não tenho chapéu...) pela atuação de Lili Taylor. Um papel pesado que ela soube segurar muito bem.
A trilha-sonora foi brilhantemente composta e adequá-se perfeitamente a todas as cenas. A cinematografia é ótima. Um salva de palmas para Wan. Por fim, preciso comentar sobre o roteiro, escrito pelos gêmeos Chad e Carey Hayes. Os que me conhecem sabem que o roteiro é a peça central de um filme na minha opinião. Eu simplesmente não consigo assistir um filme mal escrito, com cenas e diálogos sem pé nem cabeça. Pode ter o efeito-especial que for, eu não ligo. O que importa mesmo é o roteiro. Só ele é suficiente para se fazer um bom filme. Para os que não concordam, sugiro que assistam "12 Homens e uma Sentença". Em "Invocação..." somos agraciados com um roteiro muito bem trabalhado que soube bater em todas as teclas. Sem furos, sem diálogos desnecessários e repleto de informações sobre a atmosfera que permeia os fenômenos sobrenaturais.
O filme foi muito bem recebido pela crítica mundial, inclusive por mim, mas é claro que ele possuí uma ou outra falha, caso contrário, eu seria compelido a galardoa-lo com um digníssimo DEZ. Algumas atuações ficaram por desejar, não obstante, no último terço do filme o suspense é simplesmente interrompido, abrindo espaço para a irrefreável corrida contra o tempo para eliminar o demônio, e acaba se tornando relativamente previsível.
Não quero comentar muito mais sobre o filme, talvez eu caia no erro de apresentar alguma informação que caracterize um spoiler. Todavia, deixo claro que James Wan é uma das figuras centrais responsáveis por salvar o cinema de terror da atualidade. Ainda há esperança!
NOTA: 8
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