No Limite do Amanhã (2014)

Olá, meus caros.

O ano de 2014 realmente foi recheado de excelentes filmes... No drama tivemos "Birdman", na comédia "Grande Hotel Budapeste", no thriller o belíssimo "O Abutre". E é claro no gênero de ação/sci-fi nos deliciamos com "No Limite do Amanhã". O transudo do Tom Cruise mais uma vez arrebentou a boca-do-balão (Ou melhor dizendo, dos aliens).

E o que seria "No Limite do Amanhã"? Bem, nas palavras dos próprios produtores seria algo como: "Feitiço do Tempo encontrando Tropas Estelares". O filme é ótimo! Superou muitas de minhas expectativas.

Dá pra ficar mais épico que isso? Hmm... Pra dizer a verdade sim...
É só colocar o Kratos lutando com o Goku ao fundo...
História: Em um futuro nem tão distante, nosso jeitoso planeta acaba sendo invadido por uma horda sanguinolenta de aliens. Imediatamente, uma guerra por nossa sobrevivência se inicia. Tais invasores, relativamente mais desenvolvidos do que nós, são apelidados de "Miméticos". Um despreparado major chamado Cage (Tom Cruise), que até então era apenas o porta-voz e marqueteiro oficial da guerra (Responsável por desenvolver propagandas para atrair pessoas para o alistamento), acaba sendo enviado para as linhas de frente da próxima batalha, que por sua vez, possuí ares de missão suicida. No decorrer da batalha, Cage se encontra em uma situação onde sua morte é iminente. Com um "último" ato de coragem Cage usa uma mina terrestre para matar um Mimético. O sangue da criatura se espalha pelo corpo de Cage que imediatamente se desintegra. Inexplicavelmente, Cage acorda 30 horas antes do ataque e pensando se tratar de um deja vú repete todos os seus passos até ser morto novamente (Não da mesma maneira) na batalha. Cage acorda novamente  30 horas antes da batalha... Vocês já entenderam, né? Cage simplesmente entra em um loop temporal, que por sua vez, se reinicia sempre que ele morre. Com a ajuda da guerreira veterana Rita Vrataski (Emily Blunt), Cage passará por um extensivo e torturante treino, para conseguir usar sua nova habilidade a favor da humanidade e dar um fim definitivo a essa infausta invasão.

Que fogo no rabo!
Tom Cruise está ótimo como sempre! Não adianta negar ou fazer birra... A maioria dos filmes de Cruise são excepcionais! (Perceba que escrevi "maioria". Eu tenho bom-senso, relaxa).

Cruise sabe escolher muito bem seus projetos (Né, Nicolas Cage?), que geralmente são originais, dinâmicos e até engraçados.

Algo interessante de se ressaltar é o fato de Cruise, seguindo os passos do mestre Jackie Chan, realizar a maioria de seus stunts (Cenas perigosas onde se deveria usar dublês).

Emily Blunt também está ótima como a matadora Rita Vatraski. Sempre achei ela uma atriz secundária boa, mas nesse filme (O seu primeiro filme de ação, aliás) ela atuou soberbamente. Rita não é só mais uma sidekick sem graça... A personagem dela é extremamente bem lapidada.

A trilha-sonora é um dos pontos altos do filme. Se encaixa perfeitamente em todas as cenas. Os efeitos-especiais são de primeira e não deixam nada a deixar. Pode-se imaginar por um momento que o filme é chato e repetitivo por tratar a respeito de loops temporais, onde a mesma cena seria repetida diversas vezes. Mas isso não poderia estar mais errado. O filme é incrivelmente dinâmico e original. Assisti duas vezes, e nas duas ocasiões não percebi o tempo passar. Souberam trabalhar muito bem com a cadência das sequências, sempre mostrando uma morte diferente da anterior.

O trailer passa uma imagem muito séria do filme. Na realidade, ele possui inúmeras situações cômicas. Podem apostar em diversas risadas.

O filme em si possui poucos problemas, um deles é a estrutura narrativa que por vezes não faz muito sentido. Um ponto em aberto aqui, personagem sem noção ali... Coisas desse tipo. Mas pra dizer a verdade só percebi esses detalhes na segunda vez que assisti ao filme. Existe um outro defeitinho que me incomodou bastante: o visual dos aliens. Poxa, fala sério parece um monte de fio emaranhado. Cadê a criatividade desse povo?? Será que nunca mais seremos agraciados com aliens no incrível padrão dos Predadores ou dos Xenomorfos? Tô começando a acreditar que não...

Agora a parte divertida! Quando eu terminei de assistir ao filme, já fui fazer aquela pesquisinha básica sobre aspectos técnicos e afins. Nesse trajeto descobri que o filme é baseado no mangá "All You Need Is Kill" do japonês Hiroshi Sakurazaka. Fiz questão de comprar e ler o mangá para poder fazer um análise mais pormenorizada.

Minhas conclusões são as seguintes:

Até a metade do filme os elementos narrativos são relativamente fieis ao mangá, contudo da metade até o final é totalmente diferente. Ou seja, os finais das obras seguem linhas díspares.

Achei a história do mangá melhor que a do filme. Ela é um pouco mais humana e emotiva. O filme, por sua vez, segue aquela linha hollywoodiana de mocinho super-herói.

No mangá o protagonista não era um major,
e sim um simples soldado
Explicam um pouco melhor no mangá as características do loop temporal. Usam termos razoavelmente mais técnicos, sabe? Falam da influência da habilidade no cérebro do portador e quais suas consequências negativas. No filme, tudo se resumi ao sangue e pronto (Abrindo mais algumas lacunas). Será que Hollywood acha que as audiências de seus filmes são meio burrinhas? Ou eles simplificam tudo para atrair uma maior parcela da população? O que explicaria o fato deles suprimirem de muitos filmes termos científicos, comprometendo de tal maneira a qualidade da obra?

Não me entendam mal... O filme é ótimo, mas o mangá é sensivelmente melhor. Talvez se os roteiristas tivessem adaptado com maior fidelidade alguns aspectos do mangá para o filme, eles estivessem em pé de igualdade.

Apesar do filme não mencionar nada, no mangá explica o por quê de Rita usar um machado ao invés de uma arma. É simples: a arma acaba a munição e o machado (Facão no filme) não sofre dessa penalidade. A personagem de Rita é muito mais desenvolvida no mangá, sem dúvidas nenhuma.

Armadura totalmente inspirada em Halo
Sem mencionar as belíssimas ilustrações de Yoshitoshi Abe, o melhor desenhista do famoso "Death Note". Podem comprovar o que digo pelas ilustrações do mangá. Para os que ainda creem que gibi/mangá são coisas de crianças, já está mais do que na hora de quebrar com esse tabu. Basta observar com um olhar técnico/artístico. Será que não exige talento realizar centenas ou até milhares de desenhos mescla-los com uma boa história e colocá-los em um livro para o mundo inteiro apreciar?

Sim, eu acredito que seja arte. Assim como pintura, literatura ou até video-game. O poder criativo envolvido na criação desses itens é idêntico. Precisamos apenas saber utilizar toda a informação que nos é disponibilizada nos tempos atuais. Saber dividir nosso tempo para não nos tornarmos dependentes ou influenciados por tais trabalhos. É óbvio que existem crianças, adolescentes e até adultos que não sabem aproveitar de maneira coerente tais coisas. São pessoas que fazem birra e entram em discussões para defender esse ou aquele mangá/desenho/video-game/filme, sem saber respeitar o ponto de vista do próximo. Alguns de vocês podem estar pensando: "Ah, é melhor só ler, então!", "Nada supera leitura para o aprendizado!". Eu reconheço que leitura seja algo ótimo, contudo, eu conheço um monte de pessoas que leem pra caramba e são burras. Simples assim. Ler não é garantia de nada. Você pode só assistir filmes ou só ler gibis, desde que feito de uma maneira sadia não a nada que se preocupar.

Cada um tem o direito de escolher o que deseja fazer da vida... O que vai ler, assistir ou fazer. Mas não podemos subestimar outros tipos de mídias por não considerarmos algo "sério". O que não se pode é desrespeitar os outros e se for pra discutir que seja com argumentos.

Agora a minha maior surpresa... Lembra que eu falei que os aliens do filme eram horríveis? Bom, olha essa imagem aí do lado... Esses são aliens do mangá. Lixo tóxico, nada mais, nada menos! Se os designs de criaturas do filme tinham a competência criativa de uma marmota, o criador do alien original deve de fato ser uma marmota.

Poxa, o que é isso? Uma bola de basquete com dentes? Será mesmo que não era possível criar nada melhor?

Não é esse aspecto que vai destruir o mangá. Ele continua sendo excelente, contudo, é muito, mas muito desapontante ver uma obra tão bela  ser diminuída por um detalhe desses.

Bom, concluindo, meus caros. "No Limite do Amanhã" é um filme excepcional! Ação dinâmica e muitas vezes engraçada. Não me arrependo de o ter assistido. O mangá é melhor, eu admito. Quem tiver a oportunidade de ler, não a perca.

NOTA: 9