WALL-E (2008)

Olá, meus caros.

Quando assisti Wall-E pela primeira vez, fiquei completamente extasiado. Inúmeros foram os motivos para tal. A beleza desta obra é única! Seja a carisma do personagem, o plano de fundo pós-apocalíptico ou a belíssima trilha sonora, tudo contribui para a total imersão na história. Sei que já faz 6 anos do lançamento deste filme e que quase todos já assistiram ao mesmo, mas preciso, mesmo que sumariamente, descrever minhas opiniões sobre ele.

Sou suspeito em dizer muita informação favorável, pois, amo filmes pós-apocalípticos, mas Wall-E é sem dúvida minha animação preferida até o momento. Adoro "A Bela e a Fera", "O Rei Leão", "A Branca de Neve" e "Toy Story", é claro... Mas Wall-E conseguiu atingir-me em um nível muito profundo.

A história é muito bem trabalhada no decorrer da trama. Nosso planeta tornou-se inabitável devido a descomunal produção de lixo, ocasionada pelo super consumismo facilitado pela mega corporação Buy 'n' Large. Com isso, no ano de 2105, os seres humanos foram enviados ao espaço pela mesma corporação para viverem em gigantescas naves totalmente automáticas. Robôs ficaram responsáveis por limpar e recuperar o planeta até o suposto retorno dos seres humanos. Os robôs em questão: os "Wall-E" (Waste Allocation Load Lifter - Earth class). No ano de 2805, apenas um Wall-E conseguiu resistir as intempéries da Terra, que por sua vez, começou a apresentar tempestades de areia colossais. Em seus 700 anos de utilidade, Wall-E desenvolveu personalidade própria (Apesar de ainda respeitar as Três Leis da Robótica, de Asimov), e resistiu ao tempo se reparando com peças dos outros robôs desativados ou parcialmente quebrados. Wall-E possui apenas uma amiga... Uma simpática baratinha. Certo dia, uma nave de reconhecimento, de uma das naves maiores, mais precisamente a "Axioma" que estava vagando pelo espaço, chega a Terra e libera um outro robô, consideravelmente mais avançado... A função da EVE (Extraterrestrial Vegetation Evaluator), o novo robô, é recuperar vestígios de vida orgânica na Terra. É aqui que o filme verdadeiramente começa a ganhar brilho, pois, Wall-E imediatamente se apaixona por EVE e está disposto a fazer tudo para vê-la em segurança e ao seu lado.


O filme possui muita comédia, como é de costume nas animações da Disney/Pixar. É simplesmente impossível de não se apaixonar pelas trabalhadas de Wall-E. Sua simpatia e inocência (O que anda faltando no ser humano...) são contagiantes. O personagem nos ensina tanto, sem sequer dizer uma palavra. Seu romance com EVE é repleto de senso de cavalheirismo e boas maneiras.

O visual do filme é excepcional e acaba compensando pela ausência de diálogos. Precisamos prestar atenção nesse critério. O filme não possui muitos diálogos, pois muitos dos personagens são robôs, que por sua vez, não possuem uma comunicação verbal. Contudo, não é por isso que o roteiro é ruim. Ele de fato é simples, mas transmite na medida do necessário tudo que é essencial para a concisa apreciação do filme, por qualquer espectador que seja. Wall-E é indiscutivelmente um filme para todas as idades. Sua mensagem é extremamente sadia para as futuras gerações, e nos traz luz em observar como estamos cuidando de nosso planeta.

A ideia de Wall-E foi tida entre um almoço de executivos da Pixar em 1994. O diretor Andrew Stanton e os roteiristas John Lasseter, Peter Docter e Joe Ranft também tiveram, no mesmo almoço, ideias para outros filmes. Dentre eles estão: "Vida de Inseto", "Monstros S/A" e "Procurando Nemo".

A concepção original, como dita por Stanton seria: "... e se a humanidade tivesse que sair da Terra e alguém se esquecesse de desligar o último robô?". O roteiro original foi rejeitado por parecer apenas mais uma história de extraterrestres (EVE seria raptada por alienígenas e Wall-E teria que salvá-la). Depois de algum tempo em hiato, a produção retornaria em 2002 (Quando Stanton estava terminando de realizar "Procurando Nemo", começou a reescrever Wall-E).

Wall-E claramente realiza homenagens a Chaplin e Kubrick no decorrer de sua extensão. Diversas cenas são inspiradas nas obras desses cineastas (E de muitos outros).

Outra grande crítica do filme é feita em cima da sociedade hiper consumista da atualidade. A imersão na alienação social se tornou um enorme problema, que de tal modo, acaba apenas dando continuidade ao ciclo de conformidade e consumismo criada pela própria sociedade, que devido a sua inércia inconsciente, não consegue escapar dos estratagemas arquitetados por ela mesma. O ser humano necessita se rebelar contra as instituições que monopolizam sua maneira de pensar, e se tornar integrante de uma sociedade livre e intelectual que irá certificar o seu natural crescimento, liderada por virtudes e não vícios, como é atualmente.

Andrew Stanton verdadeiramente conseguiu realizar uma obra singular, que consegue consubstanciar duas realidades de maneira ímpar, nos transmitindo uma mensagem importante, casada com uma experiência cinematográfica cativante. Um filme brilhante em todos os sentidos!

NOTA: 9.5


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