Cubo (1997)

Olá, meus caros.

Cubo é uma verdadeira obra-prima canadense!

Fiquei extremamente satisfeito com todos os aspectos desse filme. Ele conseguiu realizar uma belíssima mescla de ficção-científica com elementos de terror, que ainda por cima levanta relevantes questões sobre o psique humano. O mais impressionante é o seu módico orçamento. Todavia, para os que estão acostumados com as mega produções hollywoodianas não se enganem, o orçamento de "Cubo" é inversamente proporcional a sua qualidade. Acho que esse é o verdadeiro desafio para qualquer cineasta: conceber um filme magnífico com um orçamento irrisório.

O piso desse cubo deve ser muito bonito...
História: Sete pessoas, desconhecidas entre si, acordam em um gigantesco e misterioso cubo. Dentro do cubo maior existem diversos outros cubos menores. As proporções equivalem a 25x25x25.

Cada um desses cubos menores representam uma sala que pode ou não conter armadilhas mortais. Sem nenhuma outra escolha, os personagens precisarão avançar de sala em sala até encontrar a saída. Além disso, os integrantes do grupo possuem habilidades específicas: uma médica, um policial, um escapista, um design, uma prodígio da matemática...

Cada um deles desempenhará um importante papel para solucionar essa sinistra jornada, descobrindo quem os prendeu e por quê, além é claro de fugir do terrível Cubo antes que seus corpos sucumbam ao cansaço e a fome. Terão eles sanidade suficiente para executarem essa tarefa?

O conceito desse filme já é o suficiente para apavorar muita gente. Ser trancafiado com pessoas que você nunca viu, sem saber se são psicopatas, sem saber quem te trancafiou, sem saber o por quê você foi o escolhido para tamanha tortura, sem saber se você irá sobreviver... 

Apesar de extremamente apelativa, a ideia de prender alguém sem motivo aparente é muito antiga, sendo o foco principal do livro "O Processo" do escritor checo Franz Kafka, publicado em 1925. Mas essa foi sem dúvida uma das intenções do filme. Assim como o livro de Kafka, o filme trata dos enclaves do enclausuramento ilógico, onde quase sempre o ser humano tende a se entregar aos seus mais ensandecidos instintos de auto-proteção.

A transformação que os personagens sofrem é indigesta. No prelúdio do filme os personagens até trabalham em equipe para superar as armadilhas dos cubos, contudo, com o passar das horas a tensão aumenta, novas informações são trazidas a tona e os personagens começam a perder o controle, se tornando cada vez mais individualistas e obcecados em escapar custe o que custar.

No fundo eu realmente adoro filmes desse gênero. Filmes que mostram a verdade, sabe? Que realmente descrevem o quanto o ser humano (Na grande maioria) é falso e mentalmente instável.

SPOILER  (Só leia depois de assistir o filme)

No final do filme um dos integrantes consegue escapar do Cubo, certo? E como vocês devem saber, não é revelado de fato quem estava por trás de todo esse insano mistério. Andei pensando e percebi o seguinte: "Que diferença faz saber quem foi e qual era o seu propósito?"

E daí se foi o governo, ou um bilionário excêntrico, ou ainda um macabro gênio com muito tempo ocioso. No fundo foi um ser humano, certo? Creio que essa foi a proposta da trama, mostrar que o maior inimigo do homem é o próprio homem. Mostrar que todos temos um limite, e quando ultrapassamos esse limite nos tornamos outra pessoa.

O diretor de "Cubo", Vincenza Natali, dirigiu um curta-metragem que contaria o que de fato havia do lado de fora do Cubo. Contudo, Natali fez um voto solene de nunca revelar o que havia do lado de fora do cubo e destruiu o vídeo.

Rápido! Alguém traga Band-Aid e SuperBond!!
"Cubo" é recomendadíssimo! Não percam a oportunidade de assistir esse filme, que aliás é bem curtinho, contando com 1h30. As atuações, a trilha sonora, os efeitos-especias, a maquiagem e a direção são todos ótimos! Ou seja, meus caros, tudo está no seu devido lugar, funcionando coerentemente.

NOTA: 8

Cinderela (2015)

Olá, meus caros.

É notório a atual tendência da Walt Disney Pictures em adaptar seus próprios clássicos para versões live-action. Depois do detestável "Alice no País das Maravilhas" e do razoável "Malévola" chegou a hora da Disney adaptar outro de seus famosos clássicos para este estilo, no caso "Cinderela". O filme como um todo não me surpreendeu, entretanto, admito que ele possui alguns belos pontos positivos.

História:  Ella é uma adorável jovem. Sua simpatia e alegria são contagiantes. Seu pai é um bem-sucedido mercador. Tudo na vida de Ella está em perfeita harmonia. Contudo, isso mudaria no dia em que sua mãe faleceu. Algum tempo depois, o pai de Ella casa-se novamente. Ávida em mostrar sua consideração pelo pai, Ella recebe de braços-abertos sua madrasta, Lady Tremaine, e suas duas meias-irmãs, Anastasia e Drisella em sua luxuosa mansão. Quando seu pai repentinamente morre em uma viagem de negócios, Ella se vê a mercê de sua invejosa e cruel nova família. Relegada a nada mais do que uma servente coberta por cinzas, e malevolamente renomeada Cinderela, por sempre estar coberta em cinzas (Cinder, cinzas em inglês), Ella começa a perder as esperanças. Ainda assim, apesar da crueldade infligida a ela, Ella está determinada a honrar as últimas palavras de sua mãe: "Tenha coragem e seja gentil". Ella não irá se desesperar mesmo com os abusos sofridos. A sorte de Ella, começa a mudar quando ela conhece um bonito e simpático rapaz na floresta. Algum tempo depois, o príncipe convoca todas as jovens solteiras do reino para um grandioso baile no castelo. Será nesse baile que o príncipe escolherá sua amada princesa. É óbvio que a madrasta e suas filhas começam a se preparar para o baile, assim como usam um estratagema para impedir Cinderela de ir. Inconsolável, Ella acaba recebendo a ajuda de sua fada-madrinha que com a ajuda de um vestido, uma carruagem e os famosos sapatinhos de cristal mudará a história de Ella para sempre.

O filme foi dirigido pelo carismático Sir Kenneth Branagh em sua primeira colaboração com a Disney. O trabalho de direção foi ótimo. Tudo estava cristalino e coerente.

O visual dessa adaptação é magnífico. Feérico na assepsia da palavra. A quantidade de detalhes é de perder de vista. A carruagem, os figurinos, o castelo... Tudo é lindo e compreensível!

Usaram CGI somente o necessário, isso me deixou incrivelmente feliz. Nada pior que o uso exacerbado de efeitos-especiais. Um título como "Cinderela" merece um apreço maior nesse quesito e foi justamente isso que fizeram.

A trilha-sonora é boa, mas não memorável. Temos duas músicas do filme original de 1950, "A Dream Is a Wish Your Heart Make" e a música da fada-madrinha, "Bibbidi-Bobbidi-Boo". A execução das músicas está um pouco diferente, nem reconheci à princípio. O roteiro faz o seu papel sem exageros ou inovações.

O grande problema se deu nas atuações, apesar do competente elenco. Lily James (Cinderela), Cate Blanchett (Madrasta), Richard Madden (Príncipe) e Helena Boham-Carter (Fada-madrinha) estão todos chatos e sem carisma. Esse é o Príncipe com mais cara de tonto que eu já vi. Helena como sempre fazendo esses papéis de fada, bruxa ou sei lá o quê... Será que ela sabe fazer alguma outra coisa além disso? A ganhadora do Oscar, Blanchett está visivelmente sem vontade, constantemente tentando externar uma expressão facial que sequer sabe fazer. Cada um tem sua opinião, mas para mim realmente não convence. Resumindo, esses bundões tiraram muito da qualidade deste filme.

Além disso, o filme não acrescenta nada de novo a essa conhecida história. Sim, eles fizeram um ótimo trabalho na maioria dos aspectos técnicos, mas mesmo assim eles  deveriam ter acrescentado alguma característica original sem alterar a estrutura básica da história. Para quem já conhecia a trama foi um pouco desapontante, afinal de contas, você já sabe tudo o que irá acontecer.

A indício inicial da história de Cinderela se deu no ano 7 a.C. Nessa história, uma escrava grega de nome Rhodopis (Mudaram um pouquinho o nome dela, né?) casa-se com um rei egípcio. A história se tornou famosa e se espalhou pelo mundo inteiro. A primeira adaptação européia desse conto foi publicada em 1634 pelo napolitano Giambattista Basile.

Tanto a primeira versão cinematográfica de Cinderela (1950) como a adaptação dessa análise, suprimiram os elementos mais violentos e perturbadores do conto-de-fadas dos Irmãos Grimm. Para os que não sabem, os irmãos Jacob e Wilhelm Grimm foram dois linguistas, folcloristas e escritores alemãs do século XIX que dedicaram suas vidas à preservação dos contos-de-fada. Os Grimm realizavam a coletânea dos contos viajando e conversando com as pessoas, em especial os idosos, e relatavam tudo no papel para subsequentemente publicar. Não obstante, os Grimm são conhecidos por suas adaptações mórbidas desses mesmos contos. Perceba que os Irmãos Grimm não foram os criadores desses famosos contos, eles meramente fizeram a coletânea e a adaptação dos mesmos. Contos como "Rapunzel", "Branca de Neve" e "Bela Adormecida" fazem parte do folclore europeu, particularmente o germânico. A palavra folclore deriva do inglês "Folklore" que consiste na união dos verbetes "folk", que significa "povo" e "lore" que significa "erudição" ou "conhecimento". Ou seja, "O Conhecimento do Povo". Por tal motivo, não é necessário pagar direitos autorais para se fazer um filme ou escrever uma adaptação desses títulos. Eles foram criados pelo povo através dos séculos e sempre pertencerão a ele.

Contudo, apesar dos Irmãos Grimm não terem criado esses contos, isso não os desqualificam como importantíssimas figuras na literatura. Imaginem quantos contos foram salvos por esses dois irmãos. O mais bizarro é o fato de suas sinistras versões se tornarem as mais famosas com o passar dos tempos, muitos creditando a eles a própria criação dos contos.

Na história original dos Grimm ("Aschenputtel"), as meias-irmãs Anastasia e Drisella em um ato de desespero cortam os dedos de seus próprios pés, para que os mesmos se ajustem no sapatinho de cristal. Para o príncipe não cair nessa infausta artimanha, pássaros descem do céu e bicam os olhos das irmãs até que eles saltem das órbitas! Com isso, as irmãs viveriam o resto de suas vidas como mendigas cegas, entanto Cinderela se deliciaria com as mordomias do castelo. (Não sei por que motivo, mas eu prefiro essa versão... kkk)

Todavia, para manter o filme com uma temática mais familiar e inocente, a Disney se inspirou mais na Cinderela do autor francês Charles Perrault publicada no ano 1697. A versão de Perrault inclui a fada-madrinha e a carruagem em forma de abóbora, que por sua vez, são ausentes na versão dos Irmãos Grimm. A título de curiosidade ressalto que Perrault foi o criador do conto "Chapeuzinho Vermelho".

Sabe, "Cinderela" não é meu conto de fadas preferido. A ideia de menininha indefesa que quer honrar as palavras da mãe mesmo sob a pena de se tornar uma escrava dentro da própria casa é inconcebível para mim... Eu teria jogado uma cadeira na cabeça da madrasta e ordenado que ela saísse da minha casa. No filme, a Cinderela é muito bocó. Ter coragem e ser gentil é uma coisa, ser estúpida é outra. Talvez crianças não percebam isso, afinal o filme foi feito para essa faixa-etária. Apesar de não gostar, não irei diminuir a nota por esse detalhe.

Resumindo, meus caros, "Cinderela" é sim um bom filme. Inocente e colorido. A Disney vem revisitando seus clássicos. Às vezes eles acertam, às vezes erram. Apesar dos probleminhas, considero "Cinderela" um acerto. Um belo pedido para as crianças. Adultos e adolescentes podem ter uma visão mais exigente, mas lembrem que "Cinderela" é um conto de fadas e deve ser avaliado por sua parte lúdica e despretensiosa.

NOTA: 7.5

O Dentista (1996)

Olá, meus caros.

Brian Yuzna é reconhecido por todos as fãs de cinema por sua excelente habilidade de dirigir filmes bizarros com estórias muito bem trabalhadas. Yuzna, em parceria com Stuart Gordon, são as mentes por trás da adaptação para a telona de uma das história de H.P. Lovecraft, no caso, "Herbert West-Reanimator". Tal adaptação se tornaria uma das maiores pérolas do cinema oitentista de terror. Para os que não tiveram a oportunidade de assistir, estou falando do filme "A Hora dos Mortos-Vivos" (No original, "Re-Animator") de 1985.

Mestre louva-a-deus Brian Yuzna no set de filmagem de Faust (2000)
Yuzna dirigiu, produziu e escreveu diversos outros clássicos menores do terror bizarro, como por exemplo, "Necronomicon - O Livro Proibido dos Mortos", "Faust - Pesadelo Eterno", "Progeny - O Intruso", "Sociedade dos Amigos do Diabo", as duas sequências da trilogia Re-Animator e é claro o filme da análise de hoje, "O Dentista".

Fiquei surpreso em descobrir "O Dentista", sinceramente não fazia ideia que esse filmaço existia. Gosto muito de Yuzna, mas esse aqui infelizmente passou batido. Ontem eu estava lendo uma coisa ou outra em blogs de cinema e acabei esbarrando nesse título. A princípio, julgando pelas pouquíssimas imagens presentes, imaginei que fosse mais um filme genérico de terrorzinho barato. Até que bati os olhos no nome do diretor. Fiquei impressionado e não perdi tempo em dar um jeito de assisti-lo.  Arrisco em dizer que esse talvez seja o melhor filme de Yuzna! No decorrer da análise tentarei explicar o porquê.

É infindável a quantidade de pessoas que sentem um pouco de medo ao ir ao dentista. Bem, pelo menos para mim é um temor claramente lógico. Afinal de contas, nunca se sabe se será necessário fazer uma obturação, aplicar anestesia, retirar um siso ou coisa pior. Eu particularmente nunca me importei muito em ir ao dentista. Sempre vi esse profissional da saúde como indispensável para o bem-estar do corpo e da mente. "O sorriso é nosso cartão de visitas", meu dentista sempre dizia. Infelizmente depois desse filme creio que nunca mais conseguirei ir ser receio nas minhas futuras consultas (Ou pelo menos com um pouco de medo).

História: Dr. Alan Feinstone (Corbin Bernsen) possui tudo o que ele desejou na vida: Uma bela esposa, uma mansão, um conceituado consultório e uma popular reputação. Contudo, tudo isso mudaria no dia de seu aniversário de casamento. Dr. Alan encontra sua esposa (Linda Hoffman) traindo-o com o rapaz contratado para realizar a limpeza da piscina. E pelo que aparentava essas escapadelas já aconteciam há algum tempo. Alan simplesmente dá carta branca para a insanidade, um verdadeiro infortúnio para seus pacientes, pois, será neles que Alan descarregará toda sua psicótica frustração.

Dr. Feinstone não encara muito bem a infidelidade da esposa e no decorrer de um dia executa uma verdadeira carnificina em seu consultório. Deixo claro que "O Dentista" possui cenas bastantes indigestas, não sendo um filme recomendado para todos os públicos, em especial crianças muito novas (Só se você quiser que ela nunca mais consiga ir ao dentista).

"Ai, mais que coisa mais feia, mais cheia de desgraça." Tom Bobim
Minha namorada me perguntou se o Dr. Feinstone era um serial killer e eu respondi não! Há uma diferença entra serial killer e spree killer.

O serial killer geralmente planeja meticulosamente todos os detalhes do ato criminoso, no caso o homicídio. Quem, quando, onde. Tudo é preparado para o dia derradeiro. Não obstante, o serial killer geralmente assassina com espaços de tempo razoáveis. Há registros de intervalos de uma semana, um mês e até mesmo um ano entre as mortes. Além disso, o serial killer tende a eliminar qualquer prova que possa lhe incriminar. Pelo menos nas primeiras mortes um serial killer é bastante cauteloso. Por tal motivo, a captura de alguns deles demorou muito tempo e alguns poucos nunca foram capturados. Contudo, no decorrer da série de assassinatos o serial killer sempre tende a ficar mais confiante e convencido, ou ainda, sua psicótica mente já não consegue mais trabalhar coerentemente, é nesse momento que ele tende a cometer algum erro que irremediavelmente levará a sua captura.

O spree killer, em contrapartida, não é tão cauteloso como o serial killer, apesar de ser tão doente e brutal quanto. O spree killer realiza a chamada matança desenfreada. É simples, geralmente uma pessoa doente ou extremamente perturbada surta e acaba matando diversas pessoas em um curto espaço de tempo, sem se preocupar muito em esconder provas ou coisas do gênero. O spree killer também não escolhe suas vítimas. Quem passar por sua frente é um alvo em potencial. Um spree killer pode sair durante a noite e passar de casa em casa assassinando pessoas até se dar por satisfeito. A captura de um spree killer geralmente ocorre logo após o episódio psicótico, entretanto, há relatos onde o psicopata praticou o spree killing em noites consecutivas, sempre matando duas ou três pessoas por noite.

O que Dr. Feinstone possui de maldade lhe falta em perspicácia. Ele mata e não se importa muito com a bagunça ou com o barulho.

O roteirista do filme foi o próprio Stuart Gordon, que mais uma vez soube arquitetar uma bela trama. Não há pontos abertos que dariam margem a interpretações errôneas. Seguimos uma corrente de eventos linear que descrevem a decaída de um homem na loucura, simples mas funcional. Descobrimos que Alan já possuía uma grandiosa obsessão com limpeza (Não só a dental), e com certeza esse foi um dos pontos que potencializaram sua paranoia. Ele simplesmente desejava "limpar" o mundo de toda a sua deterioração impura e asquerosa. Sua maneira de realizar isso era através das cavidades orais de desafortunados pacientes. Eu nunca tinha assistido um filme que tratasse de um complexo de superioridade dental. Esse conceito em si já aparenta ser medíocre, mas "O Dentista" é a prova viva de que qualquer ideia pode ser desenvolvida e transformada em algo aprazível, desde de realizada por pessoas competentes e dispostas.

"O Dentista" é um filme subestimado que conseguiu singrar não somente pelo gore clássico, mas também pelo vultuoso consciente de um psicopata. Um gore psicológico, se você preferir. O que torna essa obra realmente diferente da maioria dos filmes slasher é não sermos apresentados ao ponto de vista da vítima e sim ao do antagonista, que neste caso é o personagem principal. Temos diversos outros personagens no filme: assistentes do consultório, uma adolescente que não vê a hora de retirar o aparelho dos dentes, Mark Ruffalo (Em um de seus primeiros filmes) faz uma pontinha como o empresário de uma modelo, além de um corrupto funcionário da receita federal que fica chantageando Dr. Feinstone em troca tratamentos dentários para não acusá-lo de sonegação de imposto. Nem queira saber o que aconteceu com esse cara, uma das cenas mais grotescas que eu já vi.

Será que ele algum dia imaginou que seria o Hulk?
Corbin Bernsen simplesmente arrasou no papel do Dr. Feinstone. Uma atuação magnífica e sincera. Não precisa ser um gênio para deduzir que é muito, mas muito difícil mesmo, interpretar um psicopata. A maioria dos atores que aceitaram papéis desse gênero não conseguiram realizar nada além de lixo tóxico. Esse não é o caso com Bernsen. Sua atuação foi precisa e extremamente convincente. Um dos pontos altos do filme.

Use fio-dental!
A inspiração para o filme se deu a partir da história de Glennon Engleman (1927-1999). Engleman foi um sociopata de St. Louis, Missouri, que adotava a profissão de dentista como fachada para esconder seu ofício de mercenário. Engleman admitiu em tribunal ter matado em troca de benefícios financeiros. Também alegou que seu dom era matar sem remorso, assim como gostava de planejar os assassinatos e se desfazer dos corpos. Muitos descrevem Engleman como um serial killer... Isso pode ser debatido, uma vez que um serial killer não visa dinheiro... Bom, quem sabe... Às vezes juntou a fome com a vontade de comer. Não se sabe o número exato de vítimas de Engleman.

Glennon Engleman 
Acredite se quiser mas em 1993, três anos antes de "O Dentista", um filme intitulado "Beyond Suspicion" foi lançado para a TV norte-americana. O filme contava a história de Engleman. Adivinha quem havia sido escalado na época para interpretar o nefasto ortodontista Engleman? Isso mesmo, Corbin Bernsen! Com certeza, Bernsen foi selecionado para "O Dentista" graças a sua competência profissional e sua experiência em um papel parecido.

A trilha-sonora é ótima. Além disso, foi bem empregada, encaixando-se sempre nos momentos certos. A trilha-sonora (Ou a ausência dela. Tudo depende da visão do diretor) é o elemento que mantém o suspense em um filme. Achei excelente o esmero em adotar músicas clássicas famosas, como "Tristão e Isolda" de Richard Wagner e "Vissi d'arte, vissi d'amore" de Giacomo Puccini, nas cenas mais tortuosas.

Yuzna mostrou sensibilidade ímpar na direção. Realmente absorvi a transformação do Dr. Alan Feinstone. A pesarosa decaída de um bem-sucedido profissional em um psicopata descontrolado. Foram utilizadas técnicas de filmagem simples como distorção da imagem para emoldurar esse transformação. No fundo, tudo foi bem feito.

"O Dentista" é um filme bem completo... Temos suspense, um bom roteiro, atuações convincentes, sangue, ótima trilha-sonora, uma cena de nudez (Para apimentar um pouco para audiências mais adultas) e mais sangue. Ou seja, a receita perfeita para um bom filme de terror. Se vocês tiverem a oportunidade de assistir, deem uma chance para "O Dentista", um bom filme de uma bela época do cinema, época essa que infelizmente está sendo esquecida.

Abraço a todos!

NOTA: 8