Mil Séculos Antes de Cristo (1966)

Olá, meus caros.

Na década de 60 entrou em ebulição um estilo peculiar de filmes: Histórias de dinossauros. Curiosamente, a Hammer Films, enveredou por este caminho (Para fazer um dinheirinho a mais) e produziu "Mil Séculos Antes de Cristo".

A Hammer Films é um estúdio britânico que ficou famoso nas décadas de 50 e 60 por fazer remakes dos filmes clássicos de terror da Universal da década de 30. 

Ou seja, Drácula, Frankenstein, O Médico e o Monstro, dentre outros clássicos, foram refeitos com uma didática mais compatível com a da época. Foi acrescentado sangue e nudez! Assim como, a dupla Christopher Lee e Peter Cushing se imortalizou na história do cinema como os maiores "badasses" do terror. Como a maioria dos filmes do Hammer, "Mil Séculos Antes de Cristo" também é um remake, neste caso do filme americano "O Despertar do Mundo" de 1940.

Uma fantástica aventura pré-histórica, recheada de divas da época, incluindo a bela Rachel Welch. Com certeza, seu filme mais icônico. Não é por menos, vocês não acham?

Peraí que eu vou ter um infarto e já volto...
História: Um corajoso, mas encrenqueiro caçador chamado Tumak é banido de sua tribo depois de brigar com seu pai, o líder troglodita Akhoba. Após vagar pela vastidão do deserto, Tumak é resgatado por uma tribo mais "civilizada" daquela a qual pertencia. A nova tribo, além da caça, também sobrevive da agricultura. A organização entre os membros é muito mais clara, cada grupo se responsabilizando por uma tarefa. Loana (Raquel Welch), uma das integrantes da estonteante ala feminina da tribo, se afeiçoa por Tumak assim que se conhecem. Sua admiração cresce ainda mais quando Tumak salva uma criança de um ataque de dinossauro. Contudo, a paz de Tumak não dura muito. Ele acaba se interessando por um novo tipo de arma, uma lança mais moderna, que a tribo constrói para se proteger, e consequentemente entra em confusão com um dos integrantes da nova tribo. Tumak é banido  novamente. Mas dessa vez ele não estará sozinho. Loana se apaixona por ele e decide acompanhá-lo. Disposto a confrontar o pai, Tumak opta por regressar a sua tribo. Juntos, Tumak e Loana precisarão enfrentar as tenebrosas adversidades do mundo pré-histórico e aniquilar o tirano líder Akhoba.

O filme não possui diálogos. As ações dos personagens são responsáveis pela comunicação e não as palavras. Um elemento interessante que deu um toque de veracidade a trama, afinal, a linguagem oral realmente não deveria existir. 

Outro aspecto bastante interessante são os efeitos-especiais dos dinossauros, realizados em stop-motion pela mestre Ray Harryhausen. Na época não existiam efeitos-especiais computadorizados, portanto, as coisas tinham que ser feitas no braço!

STOP-MOTION é a técnica onde um artista cria figuras (Dinossauros, pessoas, plantas...) usando massa plástica, deixa a figura imóvel e tira uma uma foto. Em seguida, a figura é mexida alguns milímetros e se tira outra foto. Depois de repetido esse processo algumas centenas de vezes, coloca-se uma foto em sequência da outra em velocidade. A impressão que temos é das figuras estarem se movimentando. Com isso, seres antes só imaginados poderiam tomar forma na tela do cinema.

O filme mais famoso de stop-motion é sem dúvidas a versão original de KING KONG.

Harryhausen não foi o criador dessa técnica, mas ele foi o responsável por populariza-la. Outros de seus créditos incluem: "Jason e os Argonautas" (1963), "A Nova Viagem de Sinbad" (1973) e "Fúria de Titãs" (1981). Harryhausen faleceu em 2013 aos 92 anos.



"Mil Séculos Antes de Cristo" possui uma grotesca imprecisão histórica: Humanos e dinossauros nunca coexistiram! 

Os temíveis lagartos gigantes da pré-história foram extintos, provavelmente por um meteoro do tamanho do ego do Cristiano Ronaldo, por volta de 65 milhões de anos atrás. O primeiro vestígio do Homo sapiens data por volta de 200.000 anos atrás, ou seja, temos um lapso temporal de algumas dezenas de milhões de anos.

Bom, como o próprio Harryhausen disse: "Fizemos esse filme para os jovens se divertirem e não para professores exigentes."

Sinceramente, eu concordo. Já li críticas de pessoas acabando com o filme por esse erro. Se formos julgar lógica, "Star Wars" ou "Noite do Pesadelo" se tornam os filmes mais impossíveis que existem. Cinema é para entreter, o resto é bônus. E daí se tem um errinho ou outro. É só não dar nota dez. 

Tartaruga no deserto? O roteirista deixou a lógica em casa.
Temos outro erro. Mas dessa vez a culpa é do Brasil. Ou melhor, dos departamentos de distribuição do Brasil. Já estamos acostumados com as alterações ridículas que fazem nos títulos dos filmes, certo? Nesse caso o erro foi matematicamente insano.

O título original de "Mil Séculos Antes de Cristo" é "One Million Years B.C.". Na tradução literal fica "Um Milhão de Anos Antes de Cristo".

Mil séculos são: 1000 x 100 = 100.000 anos. 

Poxa! De 1 milhão para 100.000 temos 900.000 anos de diferença! 

Deixando esses detalhes de lado, "Mil Séculos Antes de Cristo" é muito divertido. As cenas de luta entre os dinossauros são extremamente bem feitas. Os esfeitos especiais de Harryhausen se tornaram icônicos. Temos vulcões em erupção, terremotos e toda sorte dinossauro, 30 anos antes de Jurassic Park ser lançado. É demais! 

O filme soube trabalhar bem com a tensão e os ângulos das câmeras. Tudo é perfeitamente compreensível. É um filme simples, mas de muito bom gosto. Sem dúvidas um belo filme para assistir com a família numa sexta a noite. "Mil Séculos Antes de Cristo" cresceu com o tempo e hoje é considerado um clássico menor.

NOTA: 8

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